quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Jó 4 e 5


Então respondeu Elifaz, de Temã:
"Se alguém se aventurar a dizer-lhe uma palavra, você ficará impaciente? Mas quem pode refrear as palavras?
Pense bem! Você ensinou a tantos; fortaleceu mãos fracas.
Suas palavras davam firmeza aos que tropeçavam; você fortaleceu joelhos vacilantes.
Mas agora que se vê em dificuldade, você se desanima; quando você é atingido, fica prostrado.
Sua vida piedosa não lhe inspira confiança, e o seu procedimento irrepreensível não lhe dá esperança?
"Reflita agora: Qual foi o inocente que chegou a perecer? Onde foi que os íntegros sofreram destruição?
Pelo que tenho observado, quem cultiva o mal e semeia maldade, isso também colherá.
Pelo sopro de Deus são destruídos; pelo vento de sua ira eles perecem.
Os leões podem rugir e rosnar, mas até os dentes dos leões fortes se quebram.
O leão morre por falta de presa, e os filhotes da leoa se dispersam.
"Disseram-me uma palavra em segredo, da qual os meus ouvidos captaram um murmúrio.
Em meio a sonhos perturbadores da noite, quando cai sono profundo sobre os homens,
temor e tremor se apoderaram de mim e fizeram estremecer todos os meus ossos.
Um espírito roçou o meu rosto, e os pêlos do meu corpo se arrepiaram.
Ele parou, mas não pude identificá-lo. Um vulto se pôs diante dos meus olhos, e ouvi uma voz suave, que dizia:
‘Poderá algum mortal ser mais justo que Deus? Poderá algum homem ser mais puro que o seu Criador?
Se Deus não confia em seus servos, se vê erro em seus anjos e os acusa,
quanto mais nos que moram em casas de barro, cujos alicerces estão no pó! São mais facilmente esmagados que uma traça!
Entre o alvorecer e o crepúsculo são despedaçados; perecem para sempre, sem sequer serem notados.
Não é certo que as cordas de suas tendas são arrancadas, e eles morrem sem sabedoria? ’ 
Jó 4:1-21


"Clame, se quiser, mas quem o ouvirá? Para qual dos seres celestes você se voltará?
O ressentimento mata o insensato, e a inveja destrói o tolo.
Eu mesmo já vi um insensato lançar raízes, mas de repente a sua casa foi amaldiçoada.
Seus filhos longe estão de desfrutar segurança, maltratados nos tribunais, não há quem os defenda.
Os famintos devoram a sua colheita, tirando-a até do meio dos espinhos, e os sedentos sugam a sua riqueza.
Pois o sofrimento não brota do pó, e as dificuldades não nascem do chão.
No entanto o homem nasce para as dificuldades tão certamente como as fagulhas voam para cima.
"Mas, se fosse comigo, eu apelaria para Deus; apresentaria a ele a minha causa.
Ele realiza maravilhas insondáveis, milagres que não se pode contar.
Derrama chuva sobre a terra, e envia água sobre os campos.
Os humildes, ele os exalta, e traz os que pranteiam a um lugar de segurança.
Ele frustra os planos dos astutos, para que fracassem as mãos deles.
Apanha os sábios na astúcia deles, e as maquinações dos astutos são malogradas por sua precipitação.
As trevas vêm sobre eles em pleno dia; ao meio-dia eles tateiam como se fosse noite.
Ele salva o oprimido da espada que trazem na boca; salva-o das garras dos poderosos.
Por isso os pobres têm esperança, e a injustiça cala a boca.
"Como é feliz o homem a quem Deus corrige; portanto, não despreze a disciplina do Todo-poderoso.
Pois ele fere, mas dela vem tratar; ele machuca, mas suas mãos também curam.
De seis desgraças ele o livrará; em sete delas você nada sofrerá.
Na fome ele o livrará da morte, e na guerra o livrará do golpe da espada.
Você será protegido do açoite da língua, e não precisará ter medo quando a destruição chegar.
Você rirá da destruição e da fome, e não precisará temer as feras da terra.
Pois fará aliança com as pedras do campo, e os animais selvagens estarão em paz com você.
Você saberá que a sua tenda é segura; contará os seus bens da tua morada e de nada achará falta.
Você saberá que os seus filhos serão muitos, e que os seus descendentes serão como a relva da terra.
Você irá para a sepultura em pleno vigor, como um feixe recolhido no devido tempo.
"Foi isso que verificamos ser verdade. Portanto, ouça e aplique isso à sua vida". 
Jó 5:1-27

O discurso de Elifaz começa com uma sentença dura e que norteia até os dias de hoje a mente e o senso comum de muitas igrejas e lideres “Qual foi o inocente que chegou a perecer? Onde foi que os íntegros sofreram destruição?”, quando alguém se encontra em uma situação muito difícil, em total adversidade a religião tem uma maneira quase desumana de lidar com a situação e promover a “solução” do problema...funciona assim:
Se esta dando tudo certo você esta fazendo tudo bonitinho e agradando a Deus então por isso você esta indo bem...se as coisas não vão bem você esta com “pecado” escondido e Deus está lhe pesando a mão...
Essa tratativa com quem esta no meio da tempestade é tacanha, mesquinha e vil e não há nela “NADA” de bíblica ou de humana... faremos um exercício simples de reflexão sobre o tema ainda sem levar Jó em consideração...
Pense naquele irmão que frequenta sua igreja seja ela qual for, mas que sempre chega aos cultos caminhando sem carro, que vai trabalhar durante a semana de transporte publico, leva marmita, usa o SUS quando fica doente, que dizima R$80,00 por mês, mora de aluguel ou em um barraco...esse não é o perfil de um crente vencedor, deve ter algo errado, ele deve estar em pecado, ora ele não prospera... e aquele que esta desempregado, depende de cesta básica da igreja, tem o nome sujo, esse nem de filho de Deus pode ser chamado, pois inocentes não perecem, justo não mendiga pão, e aquele que tem câncer, depressão, síndrome do pânico, diabetes, também devem ter algo “em segredo”, filhos de Deus não ficam doente...inocentes não perecem...culpados são os que tem síndrome de down,  retardo mental, má formação genética, leucemia, hidrocefalia, hanseníase...não tem integridade moral as crianças Somalis e de Uganda que  são vitimadas pela guerra, as mulheres Tailandesas vendidas como produto para prostituição, as crianças dalits que mal tem acesso a alimentação....a religião e sua postura são ridículas... Freud estava certíssimo ao afirmar que a “Religião infantiliza a mente humana” Pensar em Deus desta forma como um tirano e déspota é coisa de uma mente infantil, quando Jesus vem ao mundo ele quebra todos esses paradigmas religiosos e mostra que essa visão é completamente equivocada...basta ler o evangelho...o próprio Jesus inocente pereceu sendo açoitado e sofreu a destruição de seu corpo físico ao ser moído por minhas transgressões na cruz...
Aqui Elifaz julga a condição de Jó baseado no fato de que o próprio Jó que ajudava a fortalecer as mãos fracas dos outros estava agora totalmente atravessado por uma doença inexplicável e isso só poderia estar acontecendo porque Jó deveria estar escondendo algo...Nesse ponto a amizade, o sofrimento, a dor do outro é deixada completamente de lado...Senhores da verdade tem há séculos vitimado pessoas que estão passando por situações complicadas na vida, com esse discurso Elifaz não estende a mão a Jó, ele faz ao contrario ele pisa na cabeça de Jó com as botas da religião...
Preciso analisar em minha vida como tenho lidado com o sofrimento do outro... se pela ótica da religião apontando e julgando...ou se pela ótica de Cristo...estendendo a mão em direção a dor do outro...Jó não devia nada...os casos e exemplos acima citados também não...ninguém tem o direito de apontar o dedo em riste na direção das mazelas dos outros e dizer ser isso a mão de Deus pesando...pense nisso

Ao doce Raboni

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